terça-feira, 15 de outubro de 2013

#8 - Alvorada

O dia em que esqueci tudo.
tudo, que deixei pra trás, ao meu lado
tudo gira, em torno, tudo me encara
tudo não é nada, não existe nada
nada, hoje, para nós, não é nada.

A corrida inesperada rumo ao horizonte esférico
flagela-me o suficiente para uma pausa,
uma pausa de observação, admiração.
No fim, o que deixei pra trás se não tudo aquilo
que tenho em meus bolsos agora?
E pra muitos a perda foi grande suficiente
para arruinar toda a jornada banal,
arruinar tudo que me trouxe de carnal,
eu não penso que chegue a ser assim.
Para o pássaro que sobrevoa a suprema fraqueza
nada mais pode tocá-lo, tudo é intocável,
tudo está entocado.

E se você me visse destruir
o castelo de areia que foi construído
pelas filhas do Criador no quarto dia
você diria que eu sou um tolo.
Se você visse eu me abalar
pelas muralhas que foram construídas por nós
no segundo dia, você diria que eu sou um fracassado.

Eu não sei por onde a orla me guiará,
nem sei se ela irá me levar à algum lugar
eu quero apenas poder me sentar
e observar o anoitecer.
Pra mim, é o suficiente.
Qualquer lugar que eu, Sol, possa me deleitar
e sentir o suave e gélido toque,
pra mim é o paraíso.

Tocar o reflexo da lua
que paira sobre a calmaria marinha
foi meu grande erro, mas também
é uma habilidade para poucos.

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