Amarrado ao tronco no pátio
com o Capitão do Mato
a me chicotear sem dó
e sem remorso do ato.
Aqui eu pertenço,
aqui sou escravo,
aqui é onde sirvo,
sou pago com dor
e não com centavo.
Minha paz é o cantar dos pássaros,
o som do rio a correr,
o sonho dos dias de liberdade
e o sorriso que a Morena há de prover.
A vontade de tê-la
me mantém de pé.
A chibata, não ei de temê-la
pois em casa espera a mulher.
O calor nas costas é confortante,
a sopa magra tem de ser tomada.
Minha Morena é a corrente
e, ao mesmo tempo, a pomada.
O que me mantém ainda
é o sonho da Carta de Alforria
entregue pela Morena
juntamente com os dias de alegria.
E pela liberdade, amada
já não posso esperar.
Toda gota de tempo é demais
pra alma pobre que só sabe amar.
Toda migalha é muito
pra quem só sabe doar.
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