domingo, 28 de dezembro de 2014

#74 - Falso rei

Não mereço essas pessoas,
não mereço olhar pra elas,
não mereço ser gentil com elas
não mereço te agradecer,
não mereço dizer que não foi
suficiente te ver por tão pouco tempo,
não mereço fazer você saber de tudo
que me passa pela cabeça,
não mereço ser quem sou,
não mereço aguentar tudo isso assim.

#73 - I remember

Como dizer que tudo se foi
que não há mais tudo
se só o cheiro de seu shampoo
me faz ficar mudo?

#72 - Flutuante

De todas as surpresas
que me chegaram ao conhecimento,
até hoje, a mais dura foi que
por mais que eu esteja presente
que eu segure-os
e que eu sirva de apoio para o ressurgimento deles
raramente são vistos tomando meu lugar
raramente sou eu quem me apoio
raramente sequer estão lá.

#71 - Eu vi que você me evitou por ela

O que incomoda
não é vista, não é toque
sequer sons de voz
ou olhares de desprezo.

O que incomoda é saber
que parte do meu todo
foi levado contigo.

Que muitos sequer olham-me
quando estás a vista.

O que incomoda
é poder reagir.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

#70 - Expressionismo

Não planejo traços
nem controlo reações
deixo fluir o rio por si só,
com fluxo e, às vezes,
com escassez. 

Se disse algo e não o foi
não menti.

Não se pode mentir sobre as coisas futuras,
se pode, no máximo,
ter expectativas ou intenções.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

terça-feira, 7 de outubro de 2014

#64 - Café puro

Grão
Verde
Grã
Fino

Riso obrigatório
da própria fraqueza.
Rio duvidoso,
a ignorância de si.

Friozinho aconchegante,
cheio de nada, merece cafuné.
Cafuné com leite, sem nata.
Contudo, sem nada.

E no ouvido se repete: I don't know what to do with myself.

domingo, 5 de outubro de 2014

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

#60 - Sem tempo

Tanta coisa
em tão pouco tempo.
Tanto tempo
sem nem pouca coisa.

#59 - Decrescente

Não olho mais aos céus
senão por vontade de contemplá-lo
Nem sinto as ondas do mar,
ou a areia no pé
senão por puro luxo de sensações.

Não vejo mais o atrativo
que via antes nos olhos teus,
nem nos dela, nem nos de ninguém.

Não sinto aquele fogo no peito,
ou em qualquer outra parte,
como fazia, sempre que via
um ou outro rabo de saia por aí.

Nem aquilo que me era
a única coisa de orgulho,
a única coisa que me fazia me sentir bom
que me fazia me sentir especial
me dá alegria ou prazer.

Hoje, creio que crer
exige mais de mim
do que posso oferecer.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

#55 - Eu, de verso

Teimam comigo que sou impuro
por não manter um verso por várias linhas.
Ora, cada verso é um verso.

Alguns são imensos.

Alguns, em sua infimidade
carregam uma infinidade
de prazeres, de saudades
de sorrisos e de maldades.

Cada verso é verso,
ao avesso ou até travesso.

Sem perder seu valor,
sem perder sua preciosidade,
sem perder seu brilho,
o importante é ser verso.
E por ser diverso, continuo versando.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

#54 - Meu amor teme o longe

Meu amor vai longe
aqui do lado,
na serra, na derrota e em vitória,
vai no rio e quem sabe me ame.

Meu amor dói longe
de saudade, de falta,
de presença e cansaço,
de dor e de puro amor.

Meu amor ama de longe.

Mas ama melhor de pertinho,
num abraço amigo com beijinho no ombro,
num beijo caloroso de um amante,
ou num olhar de desejo de quando é ambos.

Meu amor ama de longe,
sem ver a quem, quando ou onde,
sem ver cara, coroa ou sangue.
Meu amor te ama de longe,
pois de perto é melhor,
pois o vento não responde.
Meu amor é de vocês de longe,
quando eu vou, ou você vai
quando eu sou e nós somos.
Meu amor não quer ser de longe,
e teme partidas, quebras e cara feia,
teme voltas, não-idas e peripécias.
Meu amor te vê de longe,
não importa como se sinta,
não importa onde você se esconde.

Meu amor ama de longe.

domingo, 6 de julho de 2014

#53 - Castelinhos

Construí, só,
meus castelinhos.
De areia e suor.
Com pazinhas e amorzinhos.

Lindos castelinhos,
pra morrer de tanto.
Foram lá, morreram.

Derretidinhos,
bateu a onda.

Tardei a crer,
voltei e vi.

#52 - Constância

Caíram,
as últimas boas.
Lado a lado
com as bases.

Não fui suficiente em nenhuma.

Dá dó de se ver.

#51 - Underlies

Perceba os sinais,
do vá, atenção, pare.

Vá.
You think you can't.

Atenção. Bee.
Up and down with someone.

Pare.

Veja tudo sem muita ordem,
sou agente do caos e do caso do acaso.
Me tratas com descaso e lhe amo.
Eu gosto é do estrago.

Vá.
Right in the ego.

I'll -bee- always here.

Atenção.
E tu?

Pare. De se negar.

#50 - Cavalo em fita

Olá.
Tu cercou sem saber.
Larguei mão, tudo.
Não sei, só quis.

É, eu sei.
Não, não mesmo.
Fica deboa, to na minha.
Só no sapato, no xote.

Sim. Não. Ambos. Ao mesmo tempo.

Eu também não.
Eu sei disso.

Eu também.

#49 - Niandra; track10.

Lançou na sorte
Recebeu resposta
Regojizou conquista

Desceu ao chão
               Parte,
               pedaço,
               foi não.
Caiu ligeiro
Viu, contemplou
Surgiu a certeza
Vão, aumentou.
               Ri,
               vazio,
               bem feito.
Tudo pelo bem do próximo.
               Nunca saí do fim da fila.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

#48 - Foi-ce

Traço soluções
no mapa de meu DNA,
Fazendo súplicas de horror
que fatigam meu luar.

Inexpressão;
Permito a lei, a ordem

o caos e suas formas,
Que vão de um olhar direto
até as curvas de um amor.

E,perante a lei,
me entrego pecaminoso.
Por anseios irracionais
de posses imateriais.

Que a meus olhos, 
são tão alcançáveis 
quanto teu sorriso largo
que nunca me iluminou 
em meus momentos de dor e ódio.
Nem nada.


E se sarando estou,
saiba que já posso ir.
As cicatrizes que ficaram
o tempo cura.


E não há leito de motel que mude isso.

Portanto,
busco abrir o olho
pra ver o que, até então, 
pra mim era tudo.
Que me move, que vejo,
que busco e que desejo.
Que me mantém, que me constrói
que me muda e que me corrói.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

#47 - I'll Try Anything Once

Temo, poder,
a ti, and me
confundir.

Estamos no
lugar, comum,
de sempre
mudar?

Acelerar, poderei (?)
freiar, na hora
Errado (a).

domingo, 25 de maio de 2014

#46 - À margem do Aqueronte

Pensando em cálculos
para que o futuro se fixe
desenvolvo um programa cego
que me diz aos ouvidos onde ir
mas não me mostra onde, no momento, estou.

Andando em círculos
nas paixões da mesa curva
aprecio a água turva
do incerto amanhã.

Percebendo que estes passos já passei
faço mapas pra me recordar
dos passos falsos que me acometeram
e dos acertos que ainda vou errar.

E me descubro estripado de asas
observado e dissecado em pelo nu.
E desvendado por olhos que aprecio
lentamente me envolvo em minha manta azul.

Sentado,
me descanso pro desgaste certo
que do ninho da ave, amor, me viu
e com prazer me acomodou em seu terno
recitando delícias à beira do inferno.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

#45 - Ap. 603

Espero que tenha encontrado amor,
nessas incessantes paradas tuas,
e mesmo que de razão esteja nua,
que tudo isso resolva sua dor.

Vendo aqui do apartamento ao lado, nada disso faz sentido.

Penso se fui muito duro contigo
ou se o pouco caso do destino
a ajudou a se perder.

Seus ideais se partem em suas ações
e você não percebe que está mentindo para si mesma.
Por maior que seja essa tristeza
ela não vale este poço de ilusões.

E se o truque agora é seu
foste vítima de efeito colateral.
Esse que é mais forte que o ataque desferido
e que apenas denigre teu manto de mentiras.

Por mais triste que seja admitir,
ainda me preocupo.
Fui incapaz de guiá-la por todo
esse caminho escuro que criaste.

E quando cai a gota,
sei que nada valeu a pena,
e que a dor tua era maior
porque no escuro todo não é como facada.

E choro lamentos verbais,
enquanto você se perde
e faço caras de espanto
enquanto assisto tudo, do apartamento do lado.

domingo, 4 de maio de 2014

#44 - Desnecessauro

Nunca foi
dificultado
o ato nato
de apagar.

E apegar por pegar
ou por querer, sem resposta
me igualar
não ajudou a superar.

E bota à tona
quando não era mais dona
a desnecessidade
do drama.

Rompeu meu porto
e levou meus bens,
e ao me revirar
e esculhambar meu ego
destituiu-me.

Já não tenho onde me guardar,
me tirou o pouco que sobrou
e a cavalaria não veio.

Já não tenho escolha, senão, me ocultar.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

#43 - Netuno sem Amar

Agora traduzindo realidades
me encontro com o velho muro
opaco e firme da perdição.

Enfim, livre
desprendi-me do que nunca me prendeu,
e que compartilhei comigo mesmo
como foi que morreu.

Voltei a ativa
ou desativei eu mesmo
tudo aquilo que sempre defendi?

Se me descuido no coito
ceio em precipícios,
desses que me despreocupo
e gozo alívios.

Soa mais sinfônico
quando toco na pele
a tuba de delirantes jazzes
e quentes versos de desamor.

E mesmo encontrando
despedaçado de dúvida
o meu eu,
não sei qual dos dois eu sou.

Cru ou nu,
de caráter, de carne ou de sonhos?
Metas que chegam e não avançam
e que batem no consciente rígido
que a gerações busca
uma resposta para mim.

E mesmo despido de determinação
ou coragem, ou de pele,
sinto bem de leve o vidro arranhar.

E sei que tenta
no grito agudo e desafinado
arrumar um canto pra eu me deleitar.
Pensando inativo numa maneira
que não me deixe, novamente,
à beira desse velho mar.

terça-feira, 22 de abril de 2014

#42 - Simetria monetária

Girou,
rodopiou,
e parou.
No ar,
na queda,
no solo.

1080º de desventuras
até cessar,
os ânimos, a animosidade
a tremulação
da certeza.

Nem fodeu 
e nem saiu de cima.
Cismou no voo 
e bateu, fraco,
no muro que iluminei
sem entender, ao certo,
o que era.

E no voo, a queda severa,
despedaçou-se.
E ficou, eterno,
o incerto do sentir
e a ausência do ressentir.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

#41 - Visse?

Dispersou-se enfim,
algo que observo
e não digo
por pesar.

De fato nunca foste
definida,
mas agora
posso ver através de ti.

Mas não acho
que tu tenha se movido,
o problema é
eu estar em constante movimento.

Não sou mais porto,
nem acomodo ninguém.
Sou pó ao vento,
fumaça sem fogo
e transbordo sem água.

Não sou mais socorro,
nem te ajudo.
Não tenho fôlego,
apenas orgulho.

But there'll be something missing.

quinta-feira, 6 de março de 2014

#40 - Novíssimos Baianos

Folia,
de surpresa bateste
e no tapa
arrebataste-me ao paraíso.

Dentre ovos e fetos,
sutiãs e afetos,
brilhou-me o olho
e encontrei onde pertenço.

Passado e presente
participando,
desmistificados,
de meu mundo.

Dentre ondas e mangueiras,
balões, colchões e saideiras,
transbordamos amor
e vivemos-no com ardor (de pele).

E dessa barra,
tenho orgulho em saber
que aproveitei-a 
em cada mordida.

-
"E só vou beijar o rosto de quem me dá valor"

terça-feira, 4 de março de 2014

#39 - Carece sim

Pois chegou,
não vi
ou ouvi
sequer passo seu.

Esfriou espírito,
ferveu sangue.
Ajo ríspido
se despido
de razão.

D'onde veio
ou pr'onde vai
é mistério do tempo
e vontade do vento.

Se veio ou virá
sentirei sempre vazio
ou o azul
me preencherá?

Temo agora a saber
de que vieste de meu refúgio
ou de meus nus e quentes
ombros amigos.

Rezo ser obra do acaso
de acúmulo de descaso
de antipatia
ou de, novamente,
o sentimento de escassez
de mim.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

#38 - Custo do luxo

Prendi
    aqui
a mim.
Perdi
    aqui
a mim.

Se não ouso,
                    não sou.

Ousei
    aqui
a ti.
Perdi,
    então,
minha ousadia.

#37 - Preisteixon

Vendo-me então
vendido
vejo que preço tenho.

Nenhum.

Sou doado,
dado,
que quando jogado
rolo até cair num número.
Na maioria das vezes
não é o que o jogador quer
e nem eu.

Caio na sorte
de um pequeno acerto
pra valer
todo o resto.

Mas sou dado viciado.
Não num número,
mas num jogo qualquer
da vida.

Sou, então,
apostado e perdido
pelo desencontro,
já previsto,
com a sorte.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

#36 - Corrente Mar-íntima

Tu sendo caranguejo-eremita
troca de homem
e deixa-o concha.

Tu morre,
eu me decomponho.

Ou sou colhido no verão,
de lembrança.
E tu é comida,
de uma só refeição.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

#35 - Foi-se

Prendi
perdi
sem pedir
pra ganhar.

#34 - Verdim

Escapou-me a corsa
De belos galopes
Mas,
escapou ou deixei-a ir?

De encontro ao espelho questionei
"Bebeste foi, espírito amante?
Pois só vi banhado de vinho
a vossa não mais emaculada carne".

Indagação interessante.
Afinal, o que levei de meus amores?
Em suma, dor.
Alguns ótimos momentos, sim.
Mas quem reinou foi a dor.

Vez ou outra pastam em mim,
suaves e graciosas corsas e gazelas.
Mas defecam onde comem
e se vão.

E no reflexo do lago, consultei
"Prendeste-te foi, espírito livre?
De tantas outras que se deleitaram de tua grama
É esta mesmo vossa escolhida?"

Não tive resposta.
Não haviam opções.
Tão pouco remorsos.
Fui escolhido e aceitei.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

#32 - Nunca é fundo demais

Fui notado
e passei tranquilo
a noite ao teu lado
não só como amigo.

Eu de orgulho em manto
e tu de céu vestida.

Me pediu
para não ancorar meu barco
Mas faz questão
de guiá-lo rumo ao cais.

E do pedido
fui cúmplice em resposta
por entender os quês dos quais
Mas voltei minha certeza
e em lhe falar não hesitei.

Mas vê, teu carinho
e necessidade em saber
quando, novamente, me banhará
em teu mar de esmeralda,
me faz questionar
a firmeza de teu pedido.

E fica assim,
ou fica assada,
cada qual em sua visão isolada
cada mal em tua culpa encenada.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

#31 - Você é um moleque

Desabrochou um temor
pelo coração
da rainha de flores.

Procuro um pássaro azul
para contá-la no ouvido
tudo que sei,
para a segurança dela.

E me sinto culpado
por não poder ajudar
um ser que tenho tanto apresso.

Seria mais fácil
se a formiga, frágil
rompesse logo os
ligamentos dessa folha.

 E que vontade me dá
de esmagá-la
pela covardia
e falta de virilidade.

E enquanto penso em planos
a rainha adormece,
mal sabe ela
que o ser que corta
também é o que tece.