domingo, 22 de novembro de 2015

#96 - Não curti a ação

veja, não lembrava mais de tudo
tudo foi-se, tudo que não veio e por isso impregnou
o pensamento da possibilidade que não me deixava dormir

não ver, se foi
e se não foi, sumiu
pois certamente não ficou

não

talvez escondeu-se, pra pregar peça
pra quando o quase azul predominar
sair do esconderijo e se dirigir, educadamente
ao presente momento
e rir, baixinho e traiçoeiro, como um pensamento pode ser

mas veja também que ando tentando me redigitar,
sim, como uma palavra já existente procura um novo significado
ou apenas uma nova pronuncia
para se livrar da maldição que é ser criado com um propósito, ou, de ser condicionado a uma só utilidade

e tem tanto mais que eu poderia dizer que vem acontecendo, que mal posso digitar
sabe, é muito mais difícil de se escolher uma palavra quando se há um oceano delas
e me falta, talvez, julgamento para qual a mais conveniente

maldita glacial quente

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

#95 - Balaenoptera Solivagant

ah, tarde sim
é quando eles vêm ilustrar
na parede do medo de vagar

no silêncio marinho de caminhar sem deixar rastro
no não se preocupar em deixar alguém com saudade
no ser inaudível em frequência

tarde não sei nem porque
talvez por desespero meu
ou talvez tarde pra pegar tudo aquilo que quis deixar cair - e, as vezes, deixei

se não me couber nadar
faço um mar com cada gota de frieza
com cada gota que não fora derramada quando era hora

navegar é preciso

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

#94 - 2+2=0

Ver agora não mudará nada,
ver os erros, os acertos, 
as oportunidades que poderiam ter sido criadas desde o começo.

Ciclos, é o que sempre fomos
círculos tortos e inconstantes 
na pulsação terrestre do medos maiores.

Sempre fomos inconstância,
nada pronto, nada produzido
Só o ardor e o adeus - relutante,
mas, nada além.

Se confio, caio e no levantar volto com golpe
golpe de indagação, de necessidade de mostrar força
com intenção de que seja parado e lido.

Se não posso mais desenhar, posso ser o culpado
por só rir quando a situação fica feia,
por não me permitir ser consumido por sentimentos mesquinhos 
quando era sua intenção que eu os demonstrasse.

Mas talvez esse ponto de vista seja apenas o que tudo sempre foi e que eu já sabia mas fui ingenuo o suficiente para achar que perseverar daria frutos.