segunda-feira, 28 de abril de 2014

#43 - Netuno sem Amar

Agora traduzindo realidades
me encontro com o velho muro
opaco e firme da perdição.

Enfim, livre
desprendi-me do que nunca me prendeu,
e que compartilhei comigo mesmo
como foi que morreu.

Voltei a ativa
ou desativei eu mesmo
tudo aquilo que sempre defendi?

Se me descuido no coito
ceio em precipícios,
desses que me despreocupo
e gozo alívios.

Soa mais sinfônico
quando toco na pele
a tuba de delirantes jazzes
e quentes versos de desamor.

E mesmo encontrando
despedaçado de dúvida
o meu eu,
não sei qual dos dois eu sou.

Cru ou nu,
de caráter, de carne ou de sonhos?
Metas que chegam e não avançam
e que batem no consciente rígido
que a gerações busca
uma resposta para mim.

E mesmo despido de determinação
ou coragem, ou de pele,
sinto bem de leve o vidro arranhar.

E sei que tenta
no grito agudo e desafinado
arrumar um canto pra eu me deleitar.
Pensando inativo numa maneira
que não me deixe, novamente,
à beira desse velho mar.

terça-feira, 22 de abril de 2014

#42 - Simetria monetária

Girou,
rodopiou,
e parou.
No ar,
na queda,
no solo.

1080º de desventuras
até cessar,
os ânimos, a animosidade
a tremulação
da certeza.

Nem fodeu 
e nem saiu de cima.
Cismou no voo 
e bateu, fraco,
no muro que iluminei
sem entender, ao certo,
o que era.

E no voo, a queda severa,
despedaçou-se.
E ficou, eterno,
o incerto do sentir
e a ausência do ressentir.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

#41 - Visse?

Dispersou-se enfim,
algo que observo
e não digo
por pesar.

De fato nunca foste
definida,
mas agora
posso ver através de ti.

Mas não acho
que tu tenha se movido,
o problema é
eu estar em constante movimento.

Não sou mais porto,
nem acomodo ninguém.
Sou pó ao vento,
fumaça sem fogo
e transbordo sem água.

Não sou mais socorro,
nem te ajudo.
Não tenho fôlego,
apenas orgulho.

But there'll be something missing.